Populações dos municípios ribeirinhos do Jaguaribe iniciam movimento articulado para barrar a degradação do rio e recuperá-lo
Um ato realizado ontem em Limoeiro do Norte – o lançamento do Movimento dos Povos do Rio Jaguaribe (reunindo 21 municípios) – chamou, ontem, a atenção dos cearenses para a situação de degradação do maior rio do Ceará. A presença do ministro Carlos Minc – do Meio Ambiente – e do vice-governador Francisco Pinheiro fizeram da manifestação mais do que um ato simbólico.
O rio Jaguaribe (“Rio das Onças”) com um percurso de mais de 600 quilômetros teve um papel destacado no processo de ocupação do território cearense, a partir do século XVIII. Nem por ser temporário – considerado o “maior rio seco do mundo” (atualmente perenizado pelas águas do açude Orós) – deixou de atrair para suas margens os colonizadores que dali expulsaram os índios, exterminando-os. As aldeias indígenas foram substituídas por fazendas de gado e currais, que deram origem a vários núcleos populacionais que fizeram parte da chamada “civilização do couro”, em contraponto a “civilização canavieira” da Zona da Mata (praticamente inexistente no Ceará, que foi agraciado apenas com pequenos nacos da Mata Atlântica).
Suas águas foram represadas por dois grandes açudes – Orós e Castanhão – que apesar de seu impacto ambiental, contribuem para a perenização do rio e para o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza. Infelizmente, essa progressiva e longa ocupação foi feita de maneira desordenada. Aceita sem reação, quando ainda não havia uma consciência nítida sobre a questão ecológica, hoje se tornou inaceitável, sob qualquer justificativa.
O fato é que atualmente o Jaguaribe alcançou um grau de degradação insuportável. Suas matas ciliares foram devastadas. O desmatamento prossegue - não se vendo mais carnaubeiras, oiticicas, juazeiros, jucás, mutambeiras e canafístulas que antes povoavam suas margens -, dando lugar ao assoreamento, ao acumulo de detritos de lixo e esgotos, à privatização das margens por currais e chiqueiros de porcos, provocando a morte de peixes, fedentina, e fazendo de suas águas contaminadas um veículo propagador de doenças para a população que se serve do rio.
Diante disso, ergue-se um movimento de mobilização da sociedade civil para conscientizar os ribeirinhos e pressionar os grupos econômicos e o poder público no sentido de barrar esse processo de degradação. Isso implica em providências, como o saneamento básico nas cidades e povoados banhados por suas águas, o replantio das matas ciliares com a recuperação das faixas de terras ocupadas irregularmente, segundo os critérios da legislação ambiental. A reação chega numa hora em que cresce a indignação em todo País pela possibilidade de retrocesso na área ambiental por conta da pressão dos defensores do velho paradigma desenvolvimentista em contraposição ao desenvolvimento sustentável. Quem vencerá essa batalha, que tem na reação do povo jaguaribano um modelo a ser seguido?
Texto: O Povo Online
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Um ato realizado ontem em Limoeiro do Norte – o lançamento do Movimento dos Povos do Rio Jaguaribe (reunindo 21 municípios) – chamou, ontem, a atenção dos cearenses para a situação de degradação do maior rio do Ceará. A presença do ministro Carlos Minc – do Meio Ambiente – e do vice-governador Francisco Pinheiro fizeram da manifestação mais do que um ato simbólico.
O rio Jaguaribe (“Rio das Onças”) com um percurso de mais de 600 quilômetros teve um papel destacado no processo de ocupação do território cearense, a partir do século XVIII. Nem por ser temporário – considerado o “maior rio seco do mundo” (atualmente perenizado pelas águas do açude Orós) – deixou de atrair para suas margens os colonizadores que dali expulsaram os índios, exterminando-os. As aldeias indígenas foram substituídas por fazendas de gado e currais, que deram origem a vários núcleos populacionais que fizeram parte da chamada “civilização do couro”, em contraponto a “civilização canavieira” da Zona da Mata (praticamente inexistente no Ceará, que foi agraciado apenas com pequenos nacos da Mata Atlântica).
Suas águas foram represadas por dois grandes açudes – Orós e Castanhão – que apesar de seu impacto ambiental, contribuem para a perenização do rio e para o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza. Infelizmente, essa progressiva e longa ocupação foi feita de maneira desordenada. Aceita sem reação, quando ainda não havia uma consciência nítida sobre a questão ecológica, hoje se tornou inaceitável, sob qualquer justificativa.
O fato é que atualmente o Jaguaribe alcançou um grau de degradação insuportável. Suas matas ciliares foram devastadas. O desmatamento prossegue - não se vendo mais carnaubeiras, oiticicas, juazeiros, jucás, mutambeiras e canafístulas que antes povoavam suas margens -, dando lugar ao assoreamento, ao acumulo de detritos de lixo e esgotos, à privatização das margens por currais e chiqueiros de porcos, provocando a morte de peixes, fedentina, e fazendo de suas águas contaminadas um veículo propagador de doenças para a população que se serve do rio.
Diante disso, ergue-se um movimento de mobilização da sociedade civil para conscientizar os ribeirinhos e pressionar os grupos econômicos e o poder público no sentido de barrar esse processo de degradação. Isso implica em providências, como o saneamento básico nas cidades e povoados banhados por suas águas, o replantio das matas ciliares com a recuperação das faixas de terras ocupadas irregularmente, segundo os critérios da legislação ambiental. A reação chega numa hora em que cresce a indignação em todo País pela possibilidade de retrocesso na área ambiental por conta da pressão dos defensores do velho paradigma desenvolvimentista em contraposição ao desenvolvimento sustentável. Quem vencerá essa batalha, que tem na reação do povo jaguaribano um modelo a ser seguido?
Texto: O Povo Online
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