Limoeiro do Norte. As chuvas no Ceará atingiram em cheio até mesmo quem não viu a água invadir por suas portas. A existência de cheia em diversas localidades e a possibilidade de inundação em outras fez os consumidores terem mais cautela e retraírem nas compras, guardando o dinheiro para a ação emergencial. Comerciantes dos municípios mais atingidos registraram perda de até 70% do faturamento, e o mês das mães já é considerado o mais fraco do ano até agora. Também aumentou a inadimplência. Para abrigar vítimas, as fábricas que precisaram parar acumulam prejuízo. Em outros casos, os clientes querem receber os produtos somente quando as águas baixarem.O sábado de manhã nos municípios do Interior, geralmente, é de feira intensa. Mas não tem sido assim ultimamete. Em Limoeiro do Norte, moradores nas localidades rurais chegam em caminhões pau-de-arara para fazer as compras da semana. O sábado tem sido diferente dos outros dias da semana. “Teve um dia aqui que era tudo deserto, parecia um domingo, você não via quase ninguém na rua”, comenta o comerciante varejista Luis Rodrigues.
As pessoas não estavam na rua porque tentavam escapar com seus pertences das águas, em cima de frágeis canoas, indo para sabia-se Deus onde. Eram os primeiros dias de desabrigados de comunidade limoeirenses como Ilha de Santa Terezinha, Sítio Saquinho e Setor NH3, inundadas pelas águas do rio Jaguaribe.
“As pessoas não estão pensando em comprar, estão querendo segurar o dinheiro para o caso de uma enchente”, conta o proprietário da loja de móveis e eletrodomésticos M. Alves Bezerra, Aureliano Alves. Em algumas vendas efetivadas, clientes deram o valor de entrada, mas pediram para só entregar o produto quando passar o período chuvoso.
A economia do Interior é alimentada, principalmente, pelo setor primário. Mas somente no período de 16 de março a 15 de abril a agricultura do Ceará já estimava uma perda de R$ 5,8 milhões. O próximo registro, que inclua o mês de maio, das cheias, será assustador.
Em Itaiçaba, que perdeu praticamente 100% da safra, as lojas estão vazias. E quem não é dono de loja, que contrata, teme pelo emprego. Também há acumulado de perdas, quanto mais chove, no setor ceramista de Russas. Na loja Center Variedades, em Limoeiro, que atende a clientela da zona rural e vende de bijouterias a roupas simples, a queda no faturamento foi de 70%. “Aqui praticamente parou”, diz a comerciante Egileide Moreira.
Melquíades Júnior
Colaborador
Mais informações:
Prefeitura Municipal de Limoeiro do Norte
R. Cel. Antônio Joaquim, 2121, Centro
(88) 3423.1783
Texto: Diário do Nordeste
Foto: Melquíades Júnior

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