quarta-feira, 13 de maio de 2009

Parte do canal da integração será destruída para amenizar inundações

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Limoeiro do Norte. Equipes da Cogerh e do Dnocs procuram alternativas para aliviar o transtorno das cidades atingidas pelas enchentes. Para tanto, uma parte do Canal da Integração deverá ser destruída, em Morada Nova, para escoar a água que invadiu a cidade no início desta semana. O fato foi causado, em parte, pelo arrombamento de 21 pequenos açudes — a maioria construções irregulares e sem fiscalização — que pressionaram o açude Curral Velho e o rio Banabuiú. Em Limoeiro e Jaguaruana, mais pessoas deixaram as casas na manhã de ontem e as campanhas para doação de alimentos foram intensificadas na região.

É um efeito dominó. Um pequeno açude enche, não aguenta tanta água, arromba, cai em outros açudes e, destes, as águas seguem para os rios. Tem sido assim em todas as regiões do Ceará que sofrem alagamentos. O problema é que a falta de estrutura dessas construções compromete o plano de operação de açudes como Castanhão e Banabuiú, que controlam a vazão de suas águas.

Excedente hídrico

O Castanhão está liberando mil metros cúbicos de água por segundo de quatro comportas para a calha do rio Jaguaribe, que suporta essa vazão como limite. No entanto, a chuva aliada ao escoamento de águas, vindas dos pequenos açudes que transbordaram ou aumentaram, gera o excedente hídrico no rio, que não suporta tanta água para além da que é recebida do Castanhão. Este, o maior açude do Ceará, estava ao meio dia de ontem com 96,5 de sua capacidade, na cota 105,43 — a 57 centímetros de sangria. A Ilha de Santa Terezinha, em Limoeiro, é uma das mais castigadas, pois fica exatamente entre os rios Jaguaribe e Banabuiú, que estão, literalmente, encontrando-se, e a comunidade, de ilhada, pode passar a ficar totalmente alagada.

Na mesma cidade, o açude Paulo do Monte, no bairro Antônio Holanda, deixou a população atemorizada. Suas barreiras de terra apresentavam rachaduras, causadas pelo acúmulo excessivo de água — um bueiro entupido piorava a situação, mas tratores utilizados pela Secretaria de Infra-Estrutura e Desenvolvimento já conseguiram atenuar o problema.

Sem monitoramento

A Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Cogerh) monitora 130 açudes no Ceará, mas existe um número maior de pequenos reservatórios, muitos em propriedades particulares, que não sofrem monitoramento, nem mesmo a fiscalização necessária desde a sua construção. Há uma semana a cidade de Iracema, no Vale do Jaguaribe, foi surpreendida com a invasão das águas, mesmo horas após as chuvas. O motivo: dois pequenos açudes sangraram e um terceiro, que recebeu as águas daqueles, arrombou com a força das águas, que foram levadas para o leito do rio Figueiredo.

A casa do prefeito de Morada Nova, Glauber Castro, amanheceu ontem com 40 centímetros de água. “Mas o pior é ver as famílias muito pobres que perderam tudo que aos poucos conquistaram na vida”, admite. Na última segunda-feira aconteceu, em Fortaleza, uma reunião envolvendo o prefeito de Morada Nova, Glauber Castro, as diretorias do Dnocs, da Cogerh e representantes da construtora Andrade Gutierrez, responsável pelas obras do Canal da Integração e da segunda etapa do Distrito Irrigado Tabuleiros de Russas.

A principal alternativa apontada para retirar as águas que invadiram o município é acabar com o barramento causado pela parede do Canal. De acordo com o engenheiro Getúlio Maia, do Dnocs, a intenção é retirar água da cidade de Morada Nova por meio da estação elevatória da Cogerh no Tabuleiros de Russas.

Por telefone com a reportagem, o diretor geral do Departamento, Elias Fernandes, disse ser a melhor atitude a se fazer no momento. “Fizemos isso em 2004 e deu certo”, afirmou, minutos antes de sobrevoar os açudes da região jaguaribana, na manhã de ontem. A construtora Andrade Gutierrez fará o serviço de drenagem em Morada Nova, e o alívio pode repercutir nas cidades de Tabuleiro e Limoeiro do Norte.

A situação nos municípios jaguaribanos, desde as chuvas de domingo e segunda-feira, são de evoluir de situação de emergência para estado de calamidade pública. O nível das águas, que havia reduzido entre 60 e 70 centímetros no último fim de semana, voltou a subir. Na cidade de Limoeiro do Norte, ultrapassou a “marca velha” (o chamado nível mais alto da cheia anterior) em cerca de 80 centímetros.

SERTÃO CENTRAL

Situação de estradas pode deixar região isolada

Quixadá. Depois da CE-456, a CE-060 também foi cortada pela enxurrada provocada pelo arrombamento de mais uma barragem particular. Na CE-265, próximo ao município de Morada Nova, a situação é a mesma. Na mais movimentada delas, a CE-359 (BR-122) vários trechos estão avariados. Em um deles o trafego está sendo realizado somente por um lado da rodovia. Há risco de rompimento. Uma cratera está se abrindo debaixo do solo. Se o restante for levado, o tráfego viário da região do Sertão Central ficará praticamente ilhado da Capital.

Para chegar de Quixadá a Morada Nova somente percorrendo mais 40 quilômetros, mesmo assim, em estrada de barro. Na CE-456, o acesso continua destruído entre a cidade de Choró e o distrito de Campos, em Canindé. Ainda não existe desvio. Apenas motocicletas circulam por ali.

O trecho da CE-060 arrastado pelas águas está situado no distrito de Caio Prado, entre os municípios de Itapiúna e Quixadá. Já na CE-359, as áreas mais atingidas estão entre a sede da cidade de Ibaretama e o distrito de Piranji.

Coincidentemente, os danos causados nas rodovias que cortam a região foram provocados pelo rompimento de pequenos açudes. Na opinião do inspetor regional do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia (Crea) e coordenador da Defesa Civil de Ibaretama, Carlos Bezerra Filho, nenhum desses reservatórios recebeu assistência de profissionais especializados.

Sem orientação

Por conta da falta de orientação técnica, as paredes cedem à pressão de um maior volume de água destruindo tudo à frente. Não existem números oficiais. São mais de 50. As equipes dos distritos operacionais do Departamento de Edificações e Rodovias (DER), responsáveis pela manutenção nessas áreas, ainda não haviam definido as estratégias para normalização do tráfego nos trechos rompidos. Todavia, técnicos já avaliaram a situação da rodovia CE-359.

Na semana passada, haviam restaurado outra área. A solicitação partiu dos vereadores de Ibaretama. Eles esperam a adoção do mesmo procedimento de emergência, caso contrário, além do isolamento, há risco também de acidentes.

Os mais afetados com a obstrução das vias estaduais que cortam a região são os transportes coletivos e também os veículos de carga.

Com receio de afundarem no caminho, muitos automóveis retornam da viagem. Sem informação sobre a real situação das estradas, perdem horas até se certificarem se, além de seguro, o caminho não está obstruído. O mais grave, na opinião de motoristas profissionais como o gaúcho Thiago Berluci, é a falta de sinalização. Ele ficou assombrado com o improviso. Apenas mechas de capim anunciam o perigo mais à frente.

A Companhia de Patrulhamento Rodoviário (CPRV) alerta os motoristas para dirigirem com cautela. O órgão orienta para que eles não sigam viagem no período noturno. O perigo é constante já que parte dos trechos danificados não possui nenhum tipo de alerta noturno. Podem piorar a qualquer momento, dependendo da intensidade das chuvas.

Mesmo durante o dia é prudente evitar o tráfego quando o tempo estiver fechado.

Mais informações:

Departamento de Edificações e Rodovias (DER) do Estado do Ceará
(85) 3101.5704
www.dert.ce.gov.br

Mais informações:

Núcleo de Apoio às Vítimas das Enchentes
Em Limoeiro do Norte, (88) 3423.1340
Em Jaguaruana, (88) 3428.1288

Alex Pimentel
Colaborador

Melquíades Júnior
Colaborador

Texto: Diário do Nordeste
Foto: Rodrigo Carvalho
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